![“A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO E O VENENO ESTÁ NA DOSE”](/media/zoo/images/katiaaa_34d936c81c290d9c2a9be5154ee5eb79.jpg)
Esta frase, pronunciada pelo médico e físico suíço-alemão Paracelso, no século XVI, aplica-se a muitas situações em nossas vidas. Serve para o banho de sol, para o chocolate, o salgadinho, a cerveja e a costela gorda. Fé na dose certa nos conforta, mas em excesso, acomoda. O medo nos protege, mas se for demais, nos acovarda. Onde está o traçado que separa a teimosia da persistência?
Há alguns anos, um novo elemento surgiu em nossas vidas, a internet. Como tudo na vida, temos que aprender a usar para nosso bem-
estar e facilitar a nossa vida. Alguns já nasceram sob o signo da internet, mas nós, que conhecemos a ficha telefônica do orelhão, ainda estamos entre o deslumbre de tantas possibilidades e o desafio de dominá-la, pois
a cada dia surge uma ferramenta nova e diferente. De nada adianta espernearmos, as redes sociais se tornaram as calçadas com banquinhos de antigamente (que saudade desse tempo). Não fosse a pandemia que estamos enfrentando, passaríamos por este processo de aprendizado sem pressa, porém, o distanciamento social nos trouxe a necessidade e a possibilidade de estabelecermos nossos contatos profissionais e pessoais através das redes sociais. O necessário distanciamento social não precisa nos transformar em náufragos solitários isolados, pois agora temos este recurso ao alcance de nossas mãos. Já pensaram que em 1918, na gripe espanhola, a população não dispunha de rádio, tv ou telefone e respeitavam o distanciamento? Curiosamente, naquela época, o governo também fazia pouco caso do poder de mortalidade do vírus, mas isso é assunto para um outro texto.
Não sabemos quanto tempo vai durar a pandemia, por isso, peço que sejam deixadas de lado as resistências à tecnologia para aproveitarmos o que ela oferece de bom e útil para nós. Vamos desafiar o desânimo e enfrentar a preguiça e despertar novamente em nós, a vontade de viver! Eu sei que, as vezes, a gente está numa boa no nosso canto, sem querer “se incomodar”, e acha que vai ser chato ligar para alguém. Mas são momentos de troca, alento, afeto e gostosas risadas. O tesão pela vida é como água de poço, por vezes o balde parece pesado demais, mas traz um frescor que nos mata uma sede que nem sabíamos que tínhamos. Temos acesso a filmes e vídeos, clips de música a qualquer hora, imagens do mundo inteiro quase como se estivéssemos lá. Ver e falar com amigos e amores na palma de nossas mãos! O remédio para resistirmos a tudo isso que está acontecendo está na teimosia em resistir e reagir! Vamos botar nosso bloco nas ruas virtuais das redes sociais.
E o veneno? Ah, o veneno está no excesso. Em descuidar da vida que nos cerca, nossa saúde, nossa casa, nossas contas e nossa alimentação. O excesso está, também, em confiar em tudo o que lemos sem procurar a fonte, curtir sem ler toda a notícia e saber de onde veio. Além de cuidar para não compartilhar mentiras, abandonando nosso senso crítico.
Eu uso muito as redes sociais e confesso que as vezes caio em tentação e dou vazão a minha dor e fúria por tudo o que está acontecendo. Choro quando vejo crianças em sofrimento, nossa natureza e os animais... mas me sustento na convicção de que não podemos perder a firmeza na voz e nas atitudes. Tudo isso vai passar e quero estar viva, com saúde e vitalidade para poder continuar teimando e desafiando a tudo e a todos que tentam anular em nós, a fome de viver.